A história da ocupação do território de Camaçari
nos remete aos primeiros anos da colonização, quando em 1558, foi criada a Aldeia do Divino Espírito Santo
pelos padres jesuítas reunindo
índios das várias aldeias tupinambá, ao redor de uma capela de taipa sob
o comando do padre João Gonçalves e o Irmão Antonio Rodrigues às margens do Rio
Joanes.
A consolidação do domínio tupinambá
nos oito mil anos de história indígena, sua dispersão no litoral e
constantes conflitos com os denominados tapuias e
posterior relação com as populações marginalizadas do processo produtivo (quilombolas) ainda estão por ser estudados.
Em 1562, na Igreja de “Santos Spiritus” ajuntaram sete aldeias,
com mil almas cristãs. Há indícios que esses índios tenham participado da
“guerra do Paraguaçu”, apesar de serem tupinambás, assim como os índios do Vale
do Paraguaçu (região onde é hoje o povoado de São Francisco de Iguape,
pertencente a Cachoeira) e mais tarde já entre 1624 – 1640, os índios da aldeia
do Espírito Santo participaram da luta contra a invasão holandesa, juntamente com o pessoal da Casa
da Torre (hoje pertencente ao município de Mata de São João)
o que fez crescer o índice de mortalidade por sucessivas epidemias e
fome. Registrando-se antes mesmo da expulsão dos jesuítas no governo do Marquês de Pombal em 1755.
Após a expulsão dos jesuítas, a
aldeia passou à categoria de Vila por provisão do conselho Ultramarino, Alvará
Régio de 27
de setembro de 1758, denominando-se Vila Nova do Espírito Santo de
Abrantes - Vila de Abrantes - com a Inauguração da Casa da Câmara e cadeia
municipal (senado da Câmara e Pelourinho).
A vila foi extinta em 1846 pela
Resolução provincial nº 241, de 16
de abril, sendo integrada ao município de
Mata de São João. Em 1848 foi
restabelecida pela Resolução nº 310, de 3
de junho, tendo o território desmembrado de Mata
de São João.
Entre os séculos
XVIII e XIX. tem-se a administração da Marquesa de Niza,
através de Tomas da Silva Paranhos, que enviava juros e
rendas (enfiteuses e laudêmios) até adquirir a propriedade. Este latifundiário deixou
9 herdeiros, entre eles Maria Joaquina da Silva Paranhos, casada com José
Garcez Montenegro de quem descende o desembargador Tomas Garcez Paranhos
Montenegro.
No final do século
XIX, com a expansão da malha ferroviária baiana,
cujas principais diretrizes eram a integração com o recôncavo e
a região do São Francisco, onde Camaçari está estrategicamente situada entre
as duas bifurcações (uma em Simões Filho em direção ao recôncavo e Alagoinhas, onde a estrada toma neste ponto outras duas
direções – Médio São Francisco e Litoral Norte).
Abrantes, cuja importância se devia a
ocupação pelos jesuítas e limitada exploração agrícola nas terras da Marquesa
de Niza perdeu importância econômica em relação ao desenvolvimento que o
interior passou a oferecer, a sede do município passa a ser em Parafuso (tendo
posteriormente a construção da estação de trem). Por força política houve o
retorno da sede para Abrantes em 1892.
A primeira composição administrativa
(municipal) de Vila de Abrantes (sede), abrangia os distritos de Abrantes,
Monte Gordo e Ipitanga (atual Lauro de Freitas). A lei municipal de 22
de março de 1920 criou
o distrito de Camaçari, com território desmembrado de Abrantes, criação essa,
confirmada pela Lei estadual nº 1422, de 4
de agosto desse mesmo ano.
A lei estadual nº 1809, de 28
de julho de 1925, modificou-lhe o topônimo para Montenegro (em
homenagem ao Desembargador Tomas Garcez Paranhos Montenegro) e transferiu-lhe a
sede para o arraial de Camaçari, elevado a categoria de vila. Mas em 1938, em
razão do Decreto-lei estadual nº 10.724, de 30
de março de 1938, em que todos os municípios passaram a ter o nome
de suas respectivas sedes, o município passou a denominar-se Camaçari,
constituindo-se dos distritos de Camaçari, Abrantes, e Monte Gordo. Incluindo
as localidades, Parafuso e Dias d’Ávila que foi elevada à categoria de Vila e
Distrito em 1953 (lei nº 628 de 30
de Dezembro de1953).
Lauro de Freitas, em 1880, passou
integrar o distrito de Montenegro, atual Camaçari. Em 1932 retornou
a Salvador.
Em 1957, estimava-se uma população de 4300 habitantes,
caracterizou-se como a principal cidade de veraneio da região pela excelência
de suas águas
minerais.
A separação do Distrito de Dias
d’Ávila, transformado em município segundo Lei Estadual nº 4404 ocorreu em 25
de dezembro de 1985, reduzindo a área de Camaçari para 773 km².
Existem tendências separatistas para a desagregação do distrito de Vila de
Abrantes. A lógica da agregação e desagregação em unidades administrativa
municipais, bem como a distribuição demográfica em localidades, arruados,
aldeias, arraiais, vilas, distritos e municípios, ainda precisa ser melhor
esclarecida.
Passou a existir na região um padrão
de ocupação a partir da agricultura de sobrevivência, roças, arruados,chácaras e sítios. Existindo no município, hoje, aglomeração de
populações de remanescentes de quilombo.
O município possui sobrevivências africanas da capoeira de Angola, candomblés e
artesanatos, onde percebemos as influências indígenas numa fusão com as
africanas. Estão presentes no município as etnias Bantus e Yorubás na sede e
Orla.
As mais intensas transformações das
paisagens e populações do município se dão a partir da década
de 70, quando se inicia o processo de
implantação do Pólo Petroquímico e mais tarde com a implantação da Ford e pólo
de Apoio (2000) além da construção da estrada litorânea que liga o estado da
Bahia a Sergipe.
Localiza-se a uma latitude 12º41'51"
sul e a uma longitude 38º19'27"
oeste, estando a uma altitude de
36 metros. Com área territorial de 762,745 km², dista cerca de 41 km
da capital Salvador, sendo parte da RMS (Região Metropolitana de
Salvador) limitando-se ao norte com Mata de São João, ao sul com Lauro de Freitas, ao sudoeste com Simões
Filho, a oeste com Dias d’Ávila e
leste com o Oceano Atlântico.
Com população estimada para 2008 em
227.955 habitantes[2], Camaçari é um dos mais ricos municípios
nordestinos. O município abriga o Polo Petroquímico de Camaçari, um Pólo
Automobilístico, recém construído a partir da implantação da Ford em 2000 se
constituindo um importantíssimo empreendimento industrial, cujoimpacto ambiental ainda
precisa ser avaliado.
Camaçari possui o quinto maior PIB da região nordeste, contudo, isso não assegura a distribuição de renda, não se distinguindo das demais regiões nordestinas, onde as grandes
inversões financeiras coexistem com formas primitivas de sobrevivência. As
perspectivas de conurbação da RMS por crescimento natural e atração deimigrantes também precisa ser melhor dimensionada,
inclusive porque essa região abriga um lençol de águasubterrâneo, com risco de ser poluido, e potencial de abastecer grandes
populações.
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