A Bola rolou em {1948} Voto Popular
OS PREFEITOS QUE FIZERAM HISTÓRIA.
O saudável hábito da escrita nos devolve sempre ao passado, às vezes para relembrar personagens famosos, outras vezes para homenagear vultos históricos. Ironias à parte, Camaçari sempre desfrutou de inusitadas manifestações culturais, integrantes de nossa página literária. O uso de expressões animadoras, sem dúvidas contribuem para o engrandecimento de campanhas políticas e muitas vezes servem como viés à própria administração.
Por conseguinte, o mês de março será sempre lembrado quando fatos concernentes a episódios políticos ocorridos na velha Camaçari trouxerem conotação com os mesmos. Afinal de contas é o mês de aniversário de emancipação do município e por não dizer da sua independência política, econômica e social..
Em 21 de março, o município de Camaçari completou setenta e um anos da data de sua libertação. Neste período tivemos dez prefeitos eleitos pelo voto popular, dois indicados pela Câmara e dois pelo regime militar, muita história prá contar se vivos estivessem.
Vamos à eles:
JOÃO OSWALDO DE ARAUJO foi o primeiro prefeito eleito em Camaçari pelo voto popular (1948/1950), último “intendente” (espécie de prefeito nomeado), destemido, homem de negócios, lidava com barcos de pesca. Gostava da lavoura e da agricultura, primava pelos interesses econômicos do município, pioneiro da luta pela emancipação.
Desprovido de recursos financeiros, nascia Camaçari com muitos pepinos pra descascar. A primeira séde da PMC tinha instalações precárias e como local de funcionamento uma casa velha recuperada com recursos e doações de comerciantes e dos habitantes localizada na atual Rua Senador Costa Pinto, onde hoje está a Feira Municipal.
Joãozinho Araujo por razões até hoje não esclarecidas, suicidou-se em 07 de outubro de 1951, não concluindo o mandato. Foi substituído por ARTUR GEÓGRAFO LEONE , escolhido amistosamente pela Câmara prefeito interino.
ORIOSVALDO CAVALCANTE DE MELO (Ouri) foi prefeito de Camaçari por trinta dias (1955). Hermógenes Souza que findava o mandato saiu candidato a vereador e outros edis não quiseram assumir a Prefeitura por também serem candidatos a reeleição.
HERMOGENES BISPO DE SOUZA seu substituto (1951/ 1954) comprometia-se em campanha a abrir estradas vicinais para dar acesso à Zona Rural”. Propagava a sua intenção de “não cobrar impostos sobre pés de côco” tributável à época, compromisso forte de campanha, desejo maior dos agricultores da região Era considerado pessoa de sabedoria inigualável.
O mandato seguinte (1955/1958) foi exercido por JOSÉ EVARISTO DE SOUZA (O Zequinha ou Zé Evaristo) como gostava de ser chamado, possuía um caminhão e prestava muitos favores à comunidade. Escolheu como tema de campanha: “Um motorista pra dirigir Camaçari”, pouco realizou, já àquela época dependia das verbas do governo para manutenção do município.
HERMÓGENES BISPO DE SOUZA , reeleito, voltou ao poder (1959 /1962), apoiado por Zequinha. Inteligente, tinha saída pra tudo.
Melhorou a educação, fundou o Ginásio São Tomaz de Cantuária. Filho de Monte Gordo, político por excentricidade, acolhia os pobres, gostava de ajudar. Articulava o dia todo, à noite guardava a articulação debaixo do travesseiro para eventualidades. Fomentava embates políticos que só os anais da Câmara poderão contar.
Tempos em que o cidadão não andava armado e todo mundo era respeitado.
No período (1963/1966), Zé Evaristo voltou a governar Camaçari, consolidando a dobradinha com Hermógenes Souza , gestão torpedeada pela chamada “ Revolução de 1964”. A Prefeitura de Camaçari foi fiscalizada pelos militares, a Câmara Municipal teve as suas atividades temporariamente suspensas por orientação militar.
LUIS PEREIRA COSTA, oficial da Aeronáutica, indicado por Zequinha, respaldado pelo Regime Militar, foi prefeito de Camaçari (1967/1970) usava na campanha a frase”, “Com Deus pela Democracia” onde pequenas propagandas eleitorais só eram permitidas nas partes internas das casas e estabelecimentos comerciais.
Considerado o prefeito da reestruturação. fez obras significativas. Colocou energia elétrica na Lama Preta, construiu o Pronto Socorro, o novo Colégio Cantuária, a Maternidade Ana Falcão, o Ambulatório Odete Galiza, adquiriu a primeira ambulância do município, o acesso à Monte Gordo / Praia de Guarajuba. Pavimentou as praças de Vlla de Abrantes e Arembepe. Fez belas Micaretas.
Com mandato de dois anos JOSÉ VITORINO DOS SANTOS (1971/1973 ) (filho de Barra do Pojuca) foi o ultimo prefeito antes da Camaçari tornar-se Área de Segurança Nacional., o curto espaço de tempo não propiciou realizações de destaque embora tivesse concluído a obra do Teatro Magalhães Neto iniciada por Luis Pereira Costa.
Foi o autor da célebre frase “Camaçari será sempre uma cidade grande, mas jamais uma grande cidade”, justificava alegando a invasão desenfreada de aproveitadores e oportunistas, tinha razão.
Indicado pelo Governo do Estado tomou posse para dirigir Camaçari (1973/1974 ) o Economista ANTONIO ANDRADE SILVA, primeiro prefeito biônico. Com pouca pratica de administração pública e desconhecedor de política, pouco realizou tornando-se ao invés de prefeito, um “Gerente”. Não dava bolas para a Câmara dos Vereadores, tampouco para a lideranças políticas e o povo em geral. Foi demitido saindo por onde entrou.
O ENGº HUMBERTO HENRIQUE GARCIA ELLERY segundo prefeito biônico foi o responsável pelos Planos Pilotos de Camaçari e Dias D”Avila. Militar, administrou Camaçari durante onze anos (1974/1985). Foi o responsável pela implantação da estrutura orgânica do município., dos PHOC’S, dos mutirões da “Casa própria” e pela implantação burocrática da PMC.
Com a chegada de LUIS CARLOS CAETANO para Camaçari (1981), a política se transformou, intensiva, o elegeu vereador em 1982, a partir daquele ano Camaçari deixou de ser Área de Segurança Nacional, voltando a ter eleições para prefeito em 1985. Caetano foi o vencedor das eleições governando Camaçari (1986/1988), aproveitou o clima de mudanças, usava o slogan “Muda Camaçari”. Nessa gestão enfrentou percalços, fez uma administração entre altos e baixos.
JOSÉ EUDORO REIS TUDE administrou Camaçari a primeira vez (1989/1992) com sucesso. Aproveitando-se da situação delicada em que se encontrava a PMC, conduziu a campanha com a proposta “ Vamos tirar Camaçari do vermelho”.
Fez uma boa administração reorganizando a Prefeitura, pondo as finanças em seus lugares, construindo e equipando a cidade com obras como o Viaduto do Trabalhador, Câmara Municipal, séde da PMC, Casa do Trabalho, Nova Feira e por ai em diante.
Em que pesem os méritos da boa administração, o Prefeito José Tude lançou Dr. Françú como seu substituto, perdendo as eleições para o Engº Humberto Ellery que como o “Fênix” (saindo das cinzas) voltou à administrar Camaçari (1993/1996) desta vez pelo voto do povo. Enfrentou
dificuldades sérias que quase levam o município ao sacrifício. Muita história pra contar.
Dr. TUDE como é conhecido, retomou à`PMC tomando posse em 1997 reelegendo-se em 2000. Permaneceu no mandato até 2002 quando passou a Prefeitura ao vice HELDER ALMEIDA DE SOUZA renunciando para ser candidato a deputado estadual. ficou no cargo até dezembro de 2004. Fato importante foi o Dr. Helder ter mantido todo o pessoal do Tude nos respectivos lugares em respeito aos compromissos políticos.
LUIS CARLOS CAETANO geriu novamente Camaçari (2005/2008) reeleito, (2009/2012) reabriu a velha escola política, realizou algumas obras importantes como a “Cidade do Saber “ reurbanizou Arembepe, mudou o Sistema Viário da Cidade.
ADEMAR DELGADO DAS CHAGAS prefeito (2013 /2016) sob a égide de “Camaçari terra das oportunidades” Linha dura, não era chegado a favores. Manteve nos quatro anos de mandato o conceito de cidadão integro, honesto, embora deixando dúvidas quanto ao aspecto fidelidade. Pouco realizou.
O prefeito atual ANTONIO ELINALDO ARAÚJO DA SILVA eleito em 2017, venceu as eleições com uma das mais expressivas votações obtidas por um candidato a prefeito em todos os tempos de Camaçari.. Pessoa humilde, dotado de bons costumes, tem surpreendido a muitos.
Sem exageros a cidade vem tomando aspecto de cidade, os serviços essências funcionam dentro dos padrões reclamados pela população. Indica ser um prefeito que acredita no sucesso de sua administração.
Final: neste 21 de março de 2019 quando o município completa 71 anos de emancipação nossa saudosa homenagem aos que não mais se encontram entre nós. Em vida aos que de uma forma ou de outra continuam a luta pelo bem estar dos seus congêneres.
Até lá e vamos em frente!
Um forte abraço.
J.R. Mônaco