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2010/07/08

ESPANHA CAMPEÃ 2010 ´´SIM´´

ESPEspanha 1 GER Alemanha 0
Decisão inédita por um oitavo campeão

Com o envolvente toque de bola de volta na semifinal contra a Alemanha, a Espanha acabou chegando à vitória em uma jogada pouco comum: a bola aérea. Depois de passar todo o jogo pressionando quase dentro da área do rival, a equipe de Vicente Del Bosque construiu o histórico triunfo por 1 a 0 com uma cabeçada potente de Carles Puyol, que apenas confirmou o grande domínio na partida realizada em Durban.
Com o resultado, a Espanha garantiu a vaga na final da Copa do Mundo da FIFA África do Sul 2010 e vai disputar o título com a Holanda no dia 11 de julho, em Johanesburgo, no Estádio Soccer City. No primeiro Mundial no continente africano, a certeza é de que haverá um campeão inédito, o oitavo da história da competição.
No duelo que poderia servir como revanche da final da Euro 2008 para os alemães, foram os espanhóis que acabaram repetindo a história, com uma partida novamente impecável sobretudo no meio-campo. Sem contar com Thomas Müller, a Alemanha perdeu muito de sua força ofensiva, e o ataque mais eficiente da competição até então, com 13 gols, acabou não funcionando.
Para a Alemanha, que disputava sua 11ª semifinal, o filme de 2006 se repete: depois de grande campanha nas fases anteriores, com goleadas sobre Inglaterra e Argentina, a tricampeã parou na semi e agora vai tentar igualar a campanha de quatro anos atrás no duelo com o Uruguai, no dia 10.
Domínio total da Fúria
Insatisfeito com a produção de Fernando Torres ao longo do Mundial, Del Bosque trocou o jogador do Liverpool por Pedro, que havia se mostrado mais eficiente no segundo tempo do duelo contra o Paraguai, nas quartas de final. O resultado foi um ataque mais leve e um time com nada menos que sete jogadores do Barcelona.
Pelo lado alemão, a suspensão do meia do Bayern de Munique, autor de quatro gols na Copa, deu dores de cabeça a Joachim Löw. A opção por Piotr Trochowski pela direita não rendeu o resultado esperado, e a equipe perdeu velocidade e se viu forçada a defender em muitas ocasiões com oito ou nove jogadores atrás da bola.
Mais ofensiva, a Espanha foi aos poucos ganhando terreno e criou as duas primeiras boas oportunidades aos sete e aos 14 minutos, a primeira com David Villa aparecendo cara a cara com o goleiro Manuel Neuer, que impediu o gol de forma corajosa. Em seguida, Puyol quase marcou de cabeça próximo da pequena área, após cruzamento de Andrés Iniesta.
Acuada, a Alemanha apareceu pouco nos primeiros 30 minutos. Os contra-ataques que mataram Inglaterra e Argentina desta vez não eram efetivos, com Bastian Schweinsteiger, Lukas Podolski e Mesut Özil jogando longe de Miroslav Klose. Assim, os únicos momentos de real lucidez da equipe vieram aos 32, com um chute de Trochowski, e aos 38, quando Özil apareceu na área e caiu pedindo pênalti.
Até o final da primeira etapa, porém, foram os espanhóis que retomaram o controle, com Pedro, Xavi e Iniesta dando trabalho aos grandalhões da defesa.
Segundo tempo ainda melhor
Na volta do intervalo a postura de ambas as equipes seguiu a mesma. Em menos de 15 minutos, a Espanha já havia chegado quatro vezes com perigo, duas em chutes de Xabi Alonso e outra com Villa, também arriscando de fora da área. Na mais clara delas, Pedro obrigou Neuer a grande defesa. Na sobra, Iniesta recebeu de calcanhar de Xabi Alonso, invadiu a pequena e cruzou rasteiro sem que ninguém chegasse a tempo.
Vendo o grande domínio rival, Löw trocou Trochowski por Toni Kroos. E foi exatamente o jogador do Bayer Leverkusen, aos 24 minutos, que teve a melhor chance para os alemães, após receber cruzamento de Podolski dentro da área. Sozinho, ele chutou de primeira e Iker Casillas fez grande defesa.
O troco da Espanha, no entanto, foi fatal. Aos 28 minutos, uma jogada que tanto caracterizou os alemães acabou servindo aos rivais: no escanteio de Iniesta, Puyol apareceu quase na marca do pênalti e cabeceou sem marcação e com força, sem chances para Neuer.
Sem força para avançar tocando a bola, a Alemanha passou a tentar as jogadas aéreas com Mario Gomez, que entrou no lugar de Sami Khedira. Por sua vez, a Espanha ainda teve a oportunidade de definir em um contra-ataque, mas Pedro deu um drible a mais quando Torres pedia livre no meio da área. Até o final, a vez foi de a defesa espanhola conter o ímpeto dos rivais.
Com o apito, a festa dos jogadores explodiu dentro do gramado: resta agora uma vitória para que a geração confirme sua supremacia e se torne apenas a terceira seleção na história a unificar os títulos europeu e mundial, repetindo a Alemanha (1972 e 1974) e a França (2000 e 1998, respectivamente).
Carles Puyol of Spain (C) celebrates with teammates after scoring the opening goal during the 2010 FIFA World Cup South Africa Semi Final match between Germany and Spain

Alemanha profunda tristeza


Alemanha em clima de profunda tristeza

Quando Bastian Schweinsteiger deixou o vestiário do Estádio de Durban, era possível ler no seu rosto a tristeza pela derrota da Alemanha na semifinal contra a Espanha. Antes de seguir para as entrevistas pós-jogo, o meio-campista se apoiou em uma parede por um momento como se tentasse entender o que estava acontecendo. O técnico Joachim Löw se aproximou do jogador e eles trocaram algumas palavras.
"É uma pena que não tenhamos conseguido", declarou Schweinsteiger pouco depois. "Não jogamos 100%, não fomos os mesmos das partidas contra Inglaterra e Argentina. Criamos algumas chances e é preciso aproveitá-las se você quer vencer. Em geral, jogamos um bom torneio e podemos ficar orgulhosos disso."
Uma das melhores oportunidades de abrir o placar para a Nationalelf foi de Toni Kroos, que recebeu um cruzamento dentro da área aos 24 minutos do segundo tempo, mas mandou um chute fraco que parou nas mãos do goleiro Iker Casillas. "Eu poderia ter feito aquele gol", afirmou o jogador de 20 anos, muito abatido, ao FIFA.com. "O placar teria ficado 1 a 0 e talvez o jogo terminasse de forma diferente."
Muita sorte para a final
"Talvez tenha faltado coragem hoje", disse Manuel Neuer. "Tínhamos boas chances de chegar à final, mas não conseguimos. A Espanha não nos deixou jogar e mereceu ganhar. Desejo tudo de bom para os espanhóis na final." O goleiro alemão mostrou saber aceitar a derrota na esportiva, mas estava muito abatido, como todos os outros. "Obviamente, a decepção é enorme", acrescentou.
O clima do vestiário era "de profunda tristeza", nas palavras do atacante brasileiro naturalizado alemão Cacau. "Chegamos tão perto, mas não conseguimos. Não há muito a dizer. Agora, precisaremos de algum tempo e depois veremos se conseguimos ficar felizes com o nosso rendimento aqui na Copa do Mundo."
"Assim é o futebol", desabafou o diretor técnico Oliver Bierhoff em uma frase muito pronunciada nessas ocasiões, mas sempre verdadeira. "Daqui a algum tempo, vamos reconhecer o que esta equipe realizou. Os jogadores podem se sentir orgulhosos." Piotr Trochowski, que entrou pela primeira vez como titular na África do Sul 2010, falou sobre a necessidade de a equipe se recuperar. "Hoje, certamente estamos saindo de cabeça baixa, mas amanhã precisamos voltar a nos concentrar para disputar a terceira colocação contra o Uruguai."
Futuro promissor
De acordo com Cacau, a seleção alemã precisará de um ou dois dias para digerir a derrota. Assim, ainda haverá tempo para, nas palavras do atacante, "fechar o torneio de forma positiva" contra a Celeste Olímpica em Port Elizabeth.
Derrotada em 2006 também na semifinal, a Alemanha está enterrando pela segunda vez consecutiva o sonho do tetracampeonato. Mesmo assim, o jovem selecionado germânico teve um excelente rendimento na África do Sul 2010 e mostrou ter muita qualidade. Todos na equipe reconheceram que a derrota foi justa e que uma grande chance foi desperdiçada. Mas os jogadores também estão de acordo sobre as possibilidades da equipe nas próximas competições.
"Esta seleção tem um grande futuro pela frente", declarou Schweinsteiger, um dos líderes da Alemanha. Já Löw descreveu o selecionado como "dinâmico, objetivo e capaz de aprender com os próprios erros". O técnico mostrou ter consciência de que a hora desta geração ainda vai chegar.
Como estava escrito no ônibus da delegação alemã, o país entrou "na estrada para ganhar a Copa". Esse caminho vai precisar agora fazer um desvio, mas atletas como Mesut Özil, Philipp Lahm e Thomas Müller ainda terão uma longa jornada pela frente.

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