Benfica 2 x 5 Santos
Foi no dia 11 de outubro de 1962 que o Santos Futebol Clubeconquistou o título máximo que um clube de futebol pode alcançar. Nesta data, o Peixe sagrou-se campeão mundial interclubes, em Lisboa. A partida que rendeu o título ao Santos foi um verdadeiro show de bola. O placar final foi de 5 para o Peixe e 2 para o Benfica. Este jogo é tido por muitos dos jogadores daquela época como a melhor apresentação do Santos em toda a sua história. O jogo final foi marcado por muita tensão. O estádio estava lotado e, como não poderia ser diferente, a quase totalidade do público presente torcia para o Benfica. O Santos havia vencido o primeiro confronto, no Maracanã, por 3 a 2, em um jogo muito disputado. O time português confiava tanto na vitória, que ouviam-se rumores de que já estavam sendo vendidos os ingressos para a terceira partida. Na verdade, o que a torcida portuguesa viu foi o completo domínio do Santos, que chegou a estar vencendo por 5 a 0. Os gols do Benfica só foram feitos nos últimos cinco minutos de jogo. Os gols do Santos foram marcados pelo famoso trio: Coutinho, Pelé (3) e Pepe. Pelo bonito futebol, a equipe campeã deu sua volta olímpica sendo aplaudida de pé pela torcida adversária. No dia seguinte, os jornais lusitanos estampavam: "O Santos proporcionou a Lisboa um espetáculo inesquecível".
Foto autografada pelos principais jogadores do Santos F.C. em 1963: em pé, Lima, Zito, Dalmo, Calvet, Gylmar e Mauro; abaixados, Dorval, Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe
O ADEUS DE PELÉ
Vai fazer 36 anos que o maior jogador de futebol do mundo realizava a sua última partida pelo Santos Futebol Clube, time que o consagrou e que ele consagrou. Eu não preciso dizer o nome dele, obviamente, e não é só por já estar no título. O último jogo do rei defendendo o alvinegro foi contra a Ponte Preta, em dois de outubro de 1974, na Vila Belmiro cheia de gente consciente da raridade daquela hora. O jogo valia pelo Paulistão, mas quando Pelé estava em campo, os campeonatos eram interesse secundário. Arrisco dizer que mesmo o futebol era menos importante que Pelé. Afinal o que explica que o jogo em que ele marcou o milésimo gol (Vasco x Santos – Maracanã) tenha acabado antes do fim por causa do feito inédito? Ou que a torcida do Bahia tenha vaiado o zagueiro que privara o tricolor da honra de levar o mesmo gol mil? É isso, importante era Pelé e sua trajetória: o futebol e os campeonatos eram pouca titica perto dele.
É bom eu dizer que não abro exceção alguma em incluí-lo aqui neste espaçozinho dedicado a comentários sobre as artes: Pelé é um artista do mais alto nível. Do mais alto mesmo. Se eu tivesse um nicho com imagens de santos em casa, incluiria, sem dúvida, uma do mineiro de Três Corações. Pelé é um inventor e um mestre, no sentido daquelas definições de Ezra Pound (o que abre caminhos inesperados; o que melhor caminha por eles). O profeta Nelson Rodrigues escreveu em 1958: “Olhem Pelé, examinem suas fotografias e caiam das nuvens. É, de fato, um menino. Se quisesse entrar num filme da Brigitte Bardot, seria barrado, seria enxotado. Mas reparem:- é um gênio indubitável. Digo e repito: -gênio. Pelé poderia virar-se para Michelangelo, Homero ou Dante e cumprimentá-los com íntima efusão: - ‘Como vai, colega?’”.
O repertório de elogios ao camisa 10 da Vila Belmiro é tão vasto, tão bonito e assinado por nomes tão respeitáveis que eu me pouparei de dizer qualquer bobagem. Por exemplo, Carlos Drummond de Andrade: “Fazer 1.000 gols como Pelé não é tão difícil. Fazer um gol como Pelé é”. Mas aproveito para ser chato e indicar um outro livro, o melhor já escrito sobre futebol no Brasil: O Negro no Futebol Brasileiro, de Mário Filho. O cara que dá nome ao Maracanã reeditou a grande obra apenas para incluir os fenômenos Pelé e Garrincha. E agora encerro com uma lista de declarações sobre o Ele:
“Quem é Pelé? Você está brincando comigo?” - ANTÔNIO CALÇADA (dirigente do Vasco ao recusar, em 1955, a contratação do jovem Pelé).
“Subimos juntos para cabecear. Eu e Pelé. A lei da gravidade obrigou-me a descer ao solo. Perplexo, olhei para o alto. Ele permanecia, como um helicóptero, tentando a cabeçada. Conseguiu.” - FACHETTI (lateral-esquerdo da Seleção da Itália na Copa de 1970).
“O maior jogador de futebol do mundo foi Di Stéfano. Eu me recuso a classificar Pelé como jogador. Ele está acima de tudo.” - PUSKAS.
“Posso ser um novo Di Stéfano, mas não posso ser um novo Pelé. Ele é o único que ultrapassa os limites da lógica.” - CRUIJFF.
“Como se soletra Pelé? Com as letras D-E-U-S.” - The Sunday Times (jornal inglês).
“Fixei meu olhar em Pelé. A bola estava em seus pés. Ele não virou a cabeça. Não olhou para trás. Ninguém gritou pedindo a bola. Jogou um pouco atrás. Adivinhou que Carlos Alberto estava chegando. Só os duendes podem explicar o que houve.” - ALBERTOSI (goleiro italiano).
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