André Uzeda, do A TARDE
Nem os torcedores do Bahia, nas duas conquistas nacionais do tricolor, nem os da Seleção Brasileira, nas cinco conquistas mundiais, tiveram o privilégio do torcedor de Serrinha na tarde deste domingo, 13: ver o seu time sagrar-se campeão jogando em casa.
Mas o que foi festa no apito final do árbitro Arilson Bispo da Anunciação, quase se transformou em uma espécie de “Maracanazzo” serrinhense, guardadas as devidas proporções, o que calaria as sete mil vozes no lotado Estádio Mariano Santana, na final contra a seleção de São Francisco do Conde.
Dos pés do artilheiro Pitchaco, aos 44 minutos do segundo tempo, saiu o gol que decretou o terceiro título do Serrinha no Intermunicipal (a equipe azul e branca já havia levantado o caneco em 1982 e 1988).
Antes do lance salvador, a equipe da casa vivia um drama dentro de campo, acuada pelos visitantes, que marcou seu primeiro gol logo aos 19 do primeiro tempo, com o atacante Luan, de apenas 17 anos.
Após inaugurar o marcador, São Francisco do Conde, do técnico Lindolfo Reina, partiu com tudo para cima de Serrinha, já que precisava marcar dois gols para, no mínimo, levar a disputa para os pênaltis.
Com mais volume de jogo, impulsionado principalmente pelos meias Elton e Pablo, a seleção visitante dominou a partida e por pouco não terminou o primeiro tempo com a vantagem necessária para levar a disputa para as penalidades.
“Não estamos jogando o que sabemos, não temos pegada e força ofensiva. Assim não vamos vencer”, bradava, ao fim da primeira etapa, o técnico serrinhense Dinho Libório. Do outro lado, animação do técnico Reina. “O que jogamos nesse segundo tempo já é muito mais do que em toda a primeira partida da final”.
Para esquentar ainda mais a disputa e acirrar o ânimo dos torcedores, o forte sol da região castigava os jogadores, deixando a partida lenta e sem grandes jogadas.
Na volta do intervalo, as duas equipes mostraram mais disposição. No lugar do meia Luís Paulo, de 19 anos, sobrinho do ex-pugilista Popó, Reina optou pelo atacante Toni e recuou Luan no São Francisco do Conde.
Apesar das mudanças, quem acordou na partida foi a seleção da casa, impulsionada pelos gritos, parodiados dos são-paulinos, “o campeão voltou” e o original “queremos gol”. O artilheiro Pitchaco perdeu duas boasoportunidades de igualar o marcador, aos 11 e aos 25.
Aos 35 minutos, lance polêmico. Em falta cobrada por Gaiato, Fabinho marcou o que seria o segundo gol do São Francisco. O bandeirinha Márcio Welb, porém, achou irregularidade no lance e anulou o gol, causando revolta no banco tricolor e dos jogadores em campo, mas o árbitro manteve a decisão.
Abatida pelo gol anulado, a seleção visitante perdeu o controle, e em um contra-ataque, faltando apenas um minuto para o fim do jogo, sofreu o gol que encerrou o jejum de 21 anos do time da casa.
No lance, o lateral Galego driblou o goleiro Marivaldo tocando livre para Pitchaco. Com o gol, o camisa 10 de Serrinha se isolou na artilharia com 16 tentos, superando Rô, do Santaluz.
Comemoração e fogos de artifício, guardados até aquele momento, estouraram então das arquibancadas durando até o apito final.
Talentos – O goleiro Márcio Greyck ainda recebeu o prêmio de goleiro menos vazado, apenas oito vezes. O camisa 1, que ao melhor estilo Rogério Ceni arrisca também chutes de falta, diz que pretende continuar no futebol amador. “No profissional é muito difícil, você não ganha bem e tem equipes sem estrutura alguma. É melhor continuar onde estou”.
A outra aposta, o artilheiro Pitchaco, nascido em Conceição do Coité, compartilha dos mesmos planos. “O time do Madre de Deus me procurou, mas estou estudando a proposta”, conta o jogador, que recebe R$15 mil em Serrinha.
O presidente da Federação Baiana de Futebol, Ednaldo Rodrigues, afirmou que a partir de amanhã estará disponibilizando para as dez equipes inscritas no Baianão uma lista com todas as promessas no Intermunicipal. “São cerca de 60 nomes observados por nossos olheiros e cronistas, que poderão reforçar os clubes”, disse.
SERRINHA 1 X 1 SÃO FRANCISCO DO CONDE
Serrinha - Márcio Greyck, Galego, Gum, Carijé (Carlos) e Roni; Júlio Ventura (Márcio), Gival, Gajão e Pitchaco; Julinho e Fabinho. Técnico: Dinho Libório.
São Francisco do Conde - Marivaldo, Gaiato, Fábio, Nil e Fabiano; Wilbo (Adonis), Elton, Pablo e Marcelo; Luís Paulo (Toni) e Luan. Técnico: Lindolfo Reina.
Gols: Luan, aos 19 minutos do primeiro tempo para São Francisco; Pitchaco, aos 44 do segundo para Serrinha.
Local: Estádio Municipal Mariano Santana, em Serrinha.
Árbitro: Arílson Bispo da Anunciação.
Assistentes: Marcos Welb Rocha e Ademir Moreira Nunes.
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