o carioca é um apaixonado por sua terra. Assim é Rogério Lourenço, novo treinador do Bahia. Mas sem apego, garante ele. “Não vou sentir saudade do Rio não, cara. Sei que Salvador é uma terra boa e estou muito empolgado para esse desafio”, disse, em entrevista exclusiva concedida na beira da praia da Barra da Tijuca, onde mora.
Divorciado, tem duas filhas, uma de 17 e outra de 10, que vê sempre. Das meninas, ele admite que vai sentir falta quando passar a morar na capital baiana, a partir do dia 2 de janeiro, data da reapresentação do tricolor. “Mas eu já estou acostumado com isso. Fui jogador de futebol e essa é uma coisa ruim, mas natural da nossa profissão”, explica.
Lourenço se preocupa com sua imagem. A princípio, não queria tirar foto na praia, para não parecer que está “de brincadeira”, mas relaxou e mostrou simpatia. É bom lembrar, no entanto, que ele nem poderia “botar banca”. Com um rosto pouco conhecido, o treinador é a “aposta” que o gestor de futebol, Paulo Angioni, prometeu.
Lourenço não concorda com a alcunha que ganhou, mas aceita: “Se acham que um cara que treinou a seleção sub-20 por dois anos e meio e conquistou bons resultados no Flamengo é uma aposta, tudo bem. Porém, o que me credenciou para ser técnico do Bahia foi o meu trabalho. Não me sinto menor do que ninguém e não caí de para-quedas no futebol”.
Sobre a passagem conturbada no rubro-negro, ele diz ter feito um bom trabalho, apesar de ter sido demitido em agosto. “Deixei o Fla na décima posição, a três pontos do G-4. Era o melhor momento do time no torneio, mas tivemos problemas com o caso do Bruno, que deixou o grupo muito abalado. O Zico me dispensou, mas não guardo mágoa”, assegura ele, que não acredita que a pouca idade altere o respeito dos atletas. "Trabalhei com vários jogadores experientes e me dava bem com todos eles”, diz.
E ele lembra que, na época de atleta, já representava os companheiros. “Fui capitão em várias equipes e tinha liderança. Já me imaginava como treinador”, confessa.
Curioso para saber como está a situação do time na visão de alguém de fora do clube, o entrevistado virou entrevistador por um instante e recebeu resposta desconfiada, em virtude dos destaques do acesso que o clube tem perdido. “É, mas a gente vai contratar bem”, vislumbra. Neste assunto, ele admite que a última palavra é sempre da diretoria, porém, garante que participará das escolhas.
Por etapas - Sem frescura, Rogério andou de táxi com a reportagem e, em papo descontraído, reconheceu que os resultados que conquistar no primeiro semestre serão importantes para o seguimento do trabalho. “Vencer o Baiano e construir um bom elenco desde agora será fundamental”.
Por enquanto, Lourenço é só alegria. “Estou muito satisfeito em treinar o Bahia, uma grande equipe, de tradição, de massa. Espero poder conduzir o clube a títulos em 2011”.
Quatro perguntas para Rogério Lourenço:
Você começou a carreira com grandes desafios, na Seleção sub-20 e no Flamengo. O Bahia é mais um?
Não tenho a menor dúvida. O desafio é enorme, pela grandeza do Bahia, uma equipe que já foi campeã brasileira e tem uma bela história. Além da torcida, uma das mais fanáticas do Brasil.
E espera enfrentar no Bahia a mesma pressão que encarou no Flamengo?
A cobrança vai sempre existir em qualquer local. Até porque, no nosso país, o futebol é a maior paixão do povo. A pressão é natural, mas não podemos nos retrair.
O Bahia tem pressa para contratar?
Um pouco, mas ela não pode ser inimiga da correção. Não adianta querer contratar com pressa e o fazer de qualquer forma. Já tivemos conversa preliminar e, dentro da necessidade do Bahia, a prioridade é a manutenção dos jogadores que conquistaram o acesso. Provaram ser vencedores.
O que espera alcançar no clube?
Crescer na profissão e conquistar títulos. Estava esperando essa chance.